A sátira distancia-se do estilo documental das outras parcerias entre o diretor Larry Charles e o ator Sacha Baron Cohen. Com isso, metade das piadas que estruturam o filme não tem menor graça
Uma rápida sinopse sobre a heroica história do General Aladeen (Sacha Baron Cohen), ditador da República de Wadiya, localizada no norte da África. Ele dedica sua vida inteira a garantir que a democracia jamais chegue ao seu país, enquanto ergue estátuas em sua homenagem e cria seus próprios Jogos Olímpicos. Quando a comunidade internacional suspeita que Wadiya esteja construindo uma arma nuclear, ele é intimado a se explicar na sede da Organização das Nações Unidas, nos Estados Unidos. Mas seu encontro com a democracia americana não se passa exatamente como ele esperava…
Sacha Baron Cohen se tornou conhecido internacionalmente por seu trabalho em Borat (2006), dirigido por Larry Charles, filme gravado como documentário em que ele interpretava um caricato repórter do Cazaquistão que viajara aos EUA para conhecer mais de sua cultura. A película não agradou a crítica e ao público mais conservadores, aos quais não agradaram as afiadas piadas politicamente incorretas, além de algumas cenas inusitadas, parte delas incluindo nudez e sexo. Quando se achava que a dupla Larry & Sacha não poderia se superar, eetornaram com o transgressor Bruno (2009), utilizando o mesmo estilo documental de Borat, mas agora tendo como protagonista um fashionista homossexual do norte-europeu e, com ele, muito mais cenas “chocantes”, para não dizer à beira da vulgaridade. Bom ou ruim é nesse tipo de humor que diretor e ator conquistaram adeptos e inimigos.
Os outros filmes da dupla traziam uma campanha de divulgação absurda e criativa que eram as suas próprias gravações. Sacha invadia lugares públicos e eventos privados causando grandes confusões, apelando até para a destruição de bens, e se ficava perguntando se aquilo era real ou fictício, ou até mesmo quem era aquela figura. Porém O Ditador não traz o antigo estilo documental, o que limita bastante o alcançe de humor e situações por eles explorados. Ao adaptar o estilo hollywoodiano de fazer comédia, esta simplesmente não se ajusta às pretensões que o diretor e o ator pensaram para um enredo satírico e mordaz.
O Ditador erra ao ter coadjuvantes desnecessários, piadas sempre já vistas e outras que se repetem exaustivamente até a cena final. O que se salva aqui são as alfinetadas políticas e uma trilha sonora tipicamente americana cantada em uma língua oriental, a qual, não sei se realmente existe, mas deixa tudo mais irônico. Se o filme tivesse apostado em piadas ferinas, no estilo dos filmes anteriores, como o uso de palavras oriundas do fictício país de Aladeen utilizadas no meio do inglês, a fórmula teria sido mais bem sucedida.
Ficha técnica
O DITADOR (The Dictador, EUA, 2012), de Larry Charles. Com Sacha Baron Coen, Anna Faris, Ben Kingsley, John C. Reilly, Megan Fox, Olívia Dudley e Edward Norton. Paramount. 83 minutos. 14 anos.
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